Tive grandes desafios durante o meu estágio. Durante
a graduação os alunos podem "montar" a grade horária
de acordo com o seu ritmo, por exemplo eu costumava não me sobrecarregar
com muitas matérias e na hora da escolha dava preferência
àquelas sem projetos longos, pois assim teria tempo suficiente para
ir bem nas matérias, aprender e consequentemente passar. Mesmo assim,
fiz o meu curso em 5 anos, dentre os quais fiquei 4 sem trabalhar, só
estudando, de forma até tranquila.
Quando entrei na Agência Estado, no quinto ano,
tive que lidar com um ritmo e um ambiente diferente do que estava acostumada.
Todos os serviços, surgiam de última hora e eram
para serem feitos o mais rápido possível, um ritmo bem mais
acelerado do que eu estava acostumada, a prioridade era cumprir os prazos.
Apesar da grande ajuda dos analistas da equipe em que eu fui alocada estarem
sempre ajudando, ensinando, tive muitas dificuldades agravadas também
pelo fato da empresa não oferecer treinamento específico
das ferramentas em uso. O grande desafio estava sendo aprender e executar
as tarefas (muitas vezes distintas) tudo de forma muito rápida e
simultânea. Às vezes, eu estava concentrada resolvendo um
problema de query ou permissionamento, por exemplo, e de repente
era preciso parar o que estava fazendo para explicar alguma coisa
para algum usuário que ligava ou então parava para corrigir
rapidamente algum bug do sistema que apareceu, para depois voltar ao que
se estava fazendo. Aprender a se comunicar de forma objetiva com os membros
da equipe e com usuários também foi um desafio, muitas vezes
não entendia o que tinha que ser feito. Gastei horas para corrigir
erros simples, instalar as ferramentas e entender as stored procedures
dos colegas.
Hoje trabalho em um ambiente diferente, estou alocada
em um projeto de pesquisa de pacotes de análise de dados, convivo
com prazos melhores e estou conseguindo trabalhar mais tranquilamente e
com isso consigo entender melhor o que estou fazendo e render mais. O meu
chefe se mostra sempre disposto a tirar as minhas dúvidas, inclusive
ajuda a resolver alguns problemas que encontro durante a execução
de algum sistema. Os desafios são outros, um deles é entender
o que o sistema em estudo está fazendo a partir de centenas
de linhas de código sem comentários e com pouca documentação.
A forma de cooperação com os colegas nas
tarefas em grupo das disciplinas do Ime, na minha opinião,
é bem diferente porque nesse caso os seus colegas são seu
amigos, você os conhece bem, você os colocou para
dentro do grupo, considerando também o grau de afinidade
que tinha com a pessoa e o ritmo de trabalho dela (pelo menos eu fazia
isso), no caso da equipe no estágio, eu não escolhi trabalhar
com eles, fui selecionada porque os analistas tiveram a impressão
de que eu me encaixava bem no perfil de profissional que eles buscavam,
eu não me importei em questioná-los para perceber se eu iria
gostar do serviço .
O início acabou sendo difícil para ambas
as partes: para mim porque não conseguia acompanhar a pressão
e o ritmo deles e, para eles, porque tiveram uma grande decepção,
uma vez que guardaram expectativas demais em relação a mim,
expectativas vindas do meu bom desempenho no teste de seleção
e na minha formação.
Por outro lado, essa experiência foi muito rica
em termos pessoais, pois descobri que o ambiente, no meu caso, influencia
bastante o meu desempenho e que eu preciso, antes de tudo de tranquilidade
e um tempo mínimo para aprender as tarefas (treinamento) e me adaptar.