Durante o estágio na Seção de Informática do IME com certeza não faltaram desafios. Além dos problemas que surgiam nos equipamentos, que muitas vezes só eram resolvidos com uma solução criativa, o tempo sempre foi um contra-peso em relação às atividades que tinham que ser desenvolvidas.
Simplesmente não havia tempo suficiente para tudo. Então o que se podia fazer era "escalonar" as atividades de acordo com a prioridade. Durante as provas, não dava para manter a lista de chamados técnicos em dia, em compensação depois era necessário tirar o atraso. Em casos críticos, como na ocasião em que a rede do Instituto foi atacada por uma avalanche de vírus que exploravam uma falha de segurança dos sistemas Windows 2000 e XP, todo o tempo livre da semana era utilizado nesses atendimentos.
Após um tempo de estágio, os administradores da rede perceberam a nossa vontade em aprender mais do que o que seria possível apenas com os atendimentos. Na época, o administrador era o Alex Camargo, que é um ex-aluno do BCC. Ele sabia que nós teríamos que fazer algo de maior profundidade, para que ajudasse em nossa formação acadêmica. Ele estava, na época, procurando uma maneira de melhorar o gerenciamento da rede do Instituto.
Durante uma reunião com a administração da rede, o Alex resolveu passar para nós (eu, o Flavio e o Paulo), a tarefa de pesquisar a solução que ele estava procurando. Não tivemos muita informação a respeito do assunto, ele apenas disse que seria algo baseado em LDAP e que ele estava planejando implantar na rede do IME, para acabar com problemas de sincronismo entre as contas dos usuários dos ambientes Windows e Linux/Unix. Como material, recebemos um exemplar da revista Linux Journal, em que o assunto de capa era justamente o gerenciamento centralizado baseado em serviço de diretório LDAP.
No início não fazíamos a menor idéia do que era LDAP nem serviço de diretório. O conteúdo da revista que ele nos passou ajudou a entender o objetivo de forma mais clara, mas era uma matéria meramente ilustrativa. A maior parte do material que conseguíamos na época era resultado de pesquisas na Internet. Naquela época o material sobre LDAP era escasso, e o que encontrávamos não tinha uma qualidade muito boa. Ou era técnico demais, apenas com as especificações das RFC's e do protocolo, ou era superficial de forma que não resolvia nossas dúvidas sobre o assunto. Mesmo assim, reunimos informações suficientes para, depois de muito esforço, colocar o serviço pela primeira vez em funcionamento na nossa máquina de testes (um antigo servidor da rede, IBM NetFinity 5000).
Para nós, o sistema ainda estava funcionando como se fosse um "passe de mágica". Ainda não tínhamos idéia do que muitos parâmetros faziam. Somente após várias tentativas e instalações, reunimos informações suficientes sobre as principais configurações e começamos a escrever o nosso "manual de instalação".
Vimos que era necessário uma fonte de informação mais embasada para entender certos aspectos e conceitos relacionados ao serviço de diretório que estávamos implantando. Foi quando descobrimos o livro LDAP System Administration de Gerald Carter, publicado pela editora O'Reilly. A princípio iríamos comprar o livro com recursos próprios, mas após uma conversa com o pessoal do SI, vimos a possibilidade de utilizar uma verba que estava disponível para a nossa seção para realizar essa aquisição. Foi também mais ou menos nessa época que o Paulo decidiu deixar o projeto.
Mesmo depois que já tínhamos um conhecimento mais aprofundado, e demonstramos os testes que fizemos no laboratório com algumas poucas máquinas que nos foram disponibilizadas, enfrentamos problemas para implantar o serviço na rede do IME, já que esse era o objetivo do nosso projeto. Após a saída do Alex do cargo de administração, a prioridade do projeto de implantação passou a ter um caráter indefinido.
Em um dado momento, o administrador seguinte, o Paul, queria colocar todas as contas dos usuários do Instituto no nosso servidor de testes. Isso parecia perigoso demais, já que apesar dos testes que havíamos feito no laboratório, a dimensão da rede do IME era incomparável. De qualquer maneira, não tivemos tempo para realizar a loucura, pois o Paul desapareceu sem deixar vestígios...
Depois, a espera sempre tinha um motivo diferente: uma hora era pelo futuro administrador, já que ele teria que acompanhar a nossa instalação, outra hora por um novo servidor, já que as máquinas que tínhamos disponíveis não iriam suportar a carga da rede inteira a longo prazo.
Mesmo assim, as experiências que desenvolvemos não foram em vão. A documentação que criamos vai ajudar os administradores da Rede IME a implantar o serviço de forma definitiva em um futuro próximo, e também pudemos transformar o nosso ambiente de testes em uma implantação real dentro do próprio Instituto, através de uma oportunidade que surgiu no Departamento de Matemática Aplicada, graças ao Prof. Alexandre Roma.
De uma forma geral, gostei bastante do contato que tivemos com administração de redes, e espero continuar meus estudos nessa área também. Pretendo estudar para as provas de certificação, aproveitando o fato de que LDAP e autenticação de redes são os assuntos da prova de nível mais avançado do LPI (Linux Professional Institute), para a certificação de administradores de rede Linux avançados. É claro que ainda terei que estudar muito para obter essa certificação, pois o conteúdo dos níveis I e II, que são pré-requisitos para o nível III, é muito mais abrangente do que esse assunto que estudamos. No entanto, o fato de ter surgido um exame de certificação sinaliza que esse conhecimento está sendo valorizado pelo mercado de trabalho atual.
Também desenvolvi interesses na área de desenvolvimento de sistemas, através de paradigmas orientados a objetos e métodos ágeis, e pretendo estudar estes tópicos no futuro.
É a primeira matéria de programação do curso e os conceitos apresentados aqui são fundamentais para compreender a lógica do computador. Também tem uma participação significativa como incentivo para os alunos no início da graduação.
Aprendemos a trabalhar com as ferramentas de programação e de produtividade, como o shell do Linux. Também desenvolvemos o primeiro projeto em equipe.
Os primeiros passos em orientação a objetos (pelo menos para a nossa turma) e programação com scripts, o que é muito importante em administração de redes. Essa matéria foi uma das que mais ajudou a cultivar o conhecimento de programação que obtive na graduação.
Fundamental para compreender as estruras de armazenamento e o seu processamento. Com certeza um pré-requisito para o desenvolvimento de nosso projeto de formatura.
O conhecimento adquirido nessa matéria ajudou a compreender como os sistemas evoluíram e funcionam nos dias atuais. Fundamental para entender o funcionamento dos serviços de rede.
Os modelos de dados, o seu armazenamento e recuperação estão intimamente relacionados com a proposta do nosso projeto, por isso essa disciplina teve importância chave durante o desenvolvimento do trabalho de formatura e da monografia.
Os modelos de concorrência têm presença constante atualmente, principalmente em sistemas de rede e distribuídos, já que existem vários usuários acessando a atualiando as mesmas informações simultaneamente. Uma das matérias mais interessantes do curso.
Orientação a objetos é um paradigma que ajuda a resolver muitos problemas da área da computação e, com criatividade, até de outras áreas. Essa matéria com certeza nos ajuda a sair com mais preparo para o mercado de trabalho e com a visão mais aberta a novos conceitos. É difícil acreditar que ela não é obrigatória para a graduação.
Essencial para quem quiser ter experiência com a programação em ambientes de rede. Essa matéria foi um ótimo exercício para os conceitos apresentados em PCS0210.
Apresenta os conceitos necessários a qualquer pessoa que queira atuar na área de redes de computadores. Seus conhecimentos são úteis não apenas na área de programação para redes, como na área de administração de redes.
* Gostaria muito de ter feito essa matéria como optativa eletiva, mas infelizmente não consegui aproveitar o oferecimento dela em um semestre que tivesse horário compatível. Espero ter a oportunidade de freqüentá-la no futuro, mesmo que como ouvinte.