Análise filogenética computacional de serpentes do gênero Bothrops a partir de proteomas de venenos


Aluno: Victor Wichmann Raposo

Supervisor: Marcelo da Silva Reis

Resumo:

Venenos de serpentes são complexas misturas proteicas, cujas proteínas podem receber quantidades variadas de glicosilação. Existe variação inter-espécie tanto na composição da mistura (proteoma) quanto nos tipos de glicanos que se ligam a suas proteínas. Recentemente, foram demonstradas evidências de que, entre serpentes do gênero Bothrops, tanto um cladograma obtido a partir do proteoma quanto um gerado utilizando estruturas de N-glicanos se correlacionam com o cladograma filogenético produzido através de DNA mitocondrial (mtDNA) e/ou de características morfológicas. Todavia, não foram aplicadas nesses estudos métricas quantitativas para comparação entre os diferentes cladogramas. Além disso, não foi totalmente explorado o uso das informações fornecidas pelos peptídeos detectados nos ensaios de proteômica baseada em espectrometria de massas. Neste projeto, utilizando as mesmas informações biológicas de venenos de sete espécies de serpentes do gênero Bothrops apresentados em estudos anteriores, propomos o desenho de cladogramas filogenéticos que combinarão informações dos proteomas, incluindo os peptídeos utilizados na etapa de identificação proteica, com as de estruturas de N-glicanos. Para este fim, utilizaremos uma abordagem de inferência Bayesiana, empregando métodos de Monte Carlo com cadeias de Markov. Para analisar os resultados, implementaremos uma métrica de comparação entre cladogramas, para assim podermos quantificar a distância das novas árvores filogenéticas em relação a uma produzida com mtDNA e/ou características morfológicas. Dessa forma, esperamos testar a hipótese de que o perfil glicoproteômico dos venenos de serpentes do gênero Bothrops está altamente correlacionado com a sua filogenia.

Apreciação Pessoal:

Este trabalho foi desafiador, pois seu tema é relacionado com biologia e bioinformática, áreas que no início do projeto eram desconhecidas por min. Então, foi necessário um estudo intenso desses campos. Além disso, exigiu que eu trabalhasse continuamente e produtivamente durante o decorrer do ano, o que foi facilitado pelas reuniões semanais com o orientador do projeto.

O projeto também me proporcionou um contato com uma instituição renoma de pesquisa, o Instituto Butantan, e com seus pesquisadores. O que foi uma ótima experiência para conhecer de perto a produção científica de nosso país.

Estou orgulhoso dos resultados do trabalho e de tudo que fiz para alcançá-los. Agradeço a minha família e amigos pelo apoio e o FAPESP pelo financiamento.